16.4.10
Carla Cruz e Ângelo ferreira de Sousa / M. Sousa Ribeiro
354kg, 118€
“O Tribunal de São João Novo, no Porto, condenou, ontem, __ a uma pena de prisão efectiva de quatro meses, pelo crime de receptação negligente, o único acto ilícito provado durante o julgamento.” Escrevia M. Cláudia Monteiro em Novembro de 2009 no Jornal de Notícias. Como mito urbano ficará a estória de que os presumíveis assaltantes retiraram a energia – necessária ao equipamento para retalhar a escultura em bronze – directamente duma das lojas abandonadas do Clérigos Shopping. A anja, de autoria do mestre José Rodrigues, avaliada em 200 mil euros, é o fio condutor à história desta praça. Inicialmente denominada Praça do Anjo, pois conta a lenda que a mulher de D. Afonso aí terá caído do burrico, terá então o rei mandado erguer uma capela. Foi depois mercado ao ar livre, e mais tarde quando o Porto se quis dar ares de cidade europeia, transformou-se em Praça de Lisboa e Clérigos Shopping.
Em 2006, nenhuma das lojas de mercadorias finas restava aberta, sendo o espaço apenas usado como acesso ao parque de estacionamento subterrâneo. E mais precisamente a 22 de Dezembro, uns ladrões, que não seriam membros de uma rede de tráfico internacional de arte, nem possuidores de mascarilha, resolveram dar o golpe final a um espaço moribundo à nascença.
Quantos mais espaços semelhantes se erguerão na cidade, para caírem, não sob o manto espesso de um fantástico cataclismo como o de Pompeia, mas, devido à rápida erosão de um planeamento negligente dos nossos líderes?
Associação de Amigos da Praça do Anjo, Porto 2010.
Bio
Os projectos que a dupla Carla Cruz - Ângelo ferreira de Sousa têm apresentado resultam de um diálogo convergente relativo aos seus próprios trabalhos pessoais. Os vectores que, entrelaçados, tecem os projectos do colectivo procuram reforçar a eficácia de uma estratégia política de intervenção no espaço "público" ou em espaços de exposição.
Esta colaboração, iniciada em 2000 no contexto de uma aventura colectiva mais ampla chamada Caldeira 213 e recentemente retomada com maior intensidade, é por vezes anónima, noutras vale-se da camuflagem que o discurso artístico oferece, mas tende sempre para uma espécie de desaparecimento sem resíduos. Esta precariedade do efémero é uma forma de luta.
Como no caso das acções nos decrépitos edifícios do ex-cinema Águia d'Ouro e do ex-shopping dos Clérigos, situados no centro da cidade do Porto. Em ambos se explora uma ambiguidade sobre a origem do gesto artístico: como "lê" o graffiti deixado no antigo cinema, um eventual transeunte? Um gesto de protesto ou um delírio ao mesmo tempo atlético e poético? Na sequência da visita "turística" organizada ao antigo Clérigos Shopping vários meios de comunicação social se referiram à acção sem nunca citarem (nem desconfiarem) que estavam perante um acontecimento inserido nas actividades de um espaço de arte contemporânea (Apêndice). O abandono em que se encontra a cidade é um terreno fértil onde pretendem continuar a intervir.
354kg, 118€
“O Tribunal de São João Novo, no Porto, condenou, ontem, __ a uma pena de prisão efectiva de quatro meses, pelo crime de receptação negligente, o único acto ilícito provado durante o julgamento.” Escrevia M. Cláudia Monteiro em Novembro de 2009 no Jornal de Notícias. Como mito urbano ficará a estória de que os presumíveis assaltantes retiraram a energia – necessária ao equipamento para retalhar a escultura em bronze – directamente duma das lojas abandonadas do Clérigos Shopping. A anja, de autoria do mestre José Rodrigues, avaliada em 200 mil euros, é o fio condutor à história desta praça. Inicialmente denominada Praça do Anjo, pois conta a lenda que a mulher de D. Afonso aí terá caído do burrico, terá então o rei mandado erguer uma capela. Foi depois mercado ao ar livre, e mais tarde quando o Porto se quis dar ares de cidade europeia, transformou-se em Praça de Lisboa e Clérigos Shopping.
Em 2006, nenhuma das lojas de mercadorias finas restava aberta, sendo o espaço apenas usado como acesso ao parque de estacionamento subterrâneo. E mais precisamente a 22 de Dezembro, uns ladrões, que não seriam membros de uma rede de tráfico internacional de arte, nem possuidores de mascarilha, resolveram dar o golpe final a um espaço moribundo à nascença.
Quantos mais espaços semelhantes se erguerão na cidade, para caírem, não sob o manto espesso de um fantástico cataclismo como o de Pompeia, mas, devido à rápida erosão de um planeamento negligente dos nossos líderes?
Associação de Amigos da Praça do Anjo, Porto 2010.
Bio
Os projectos que a dupla Carla Cruz - Ângelo ferreira de Sousa têm apresentado resultam de um diálogo convergente relativo aos seus próprios trabalhos pessoais. Os vectores que, entrelaçados, tecem os projectos do colectivo procuram reforçar a eficácia de uma estratégia política de intervenção no espaço "público" ou em espaços de exposição.
Esta colaboração, iniciada em 2000 no contexto de uma aventura colectiva mais ampla chamada Caldeira 213 e recentemente retomada com maior intensidade, é por vezes anónima, noutras vale-se da camuflagem que o discurso artístico oferece, mas tende sempre para uma espécie de desaparecimento sem resíduos. Esta precariedade do efémero é uma forma de luta.
Como no caso das acções nos decrépitos edifícios do ex-cinema Águia d'Ouro e do ex-shopping dos Clérigos, situados no centro da cidade do Porto. Em ambos se explora uma ambiguidade sobre a origem do gesto artístico: como "lê" o graffiti deixado no antigo cinema, um eventual transeunte? Um gesto de protesto ou um delírio ao mesmo tempo atlético e poético? Na sequência da visita "turística" organizada ao antigo Clérigos Shopping vários meios de comunicação social se referiram à acção sem nunca citarem (nem desconfiarem) que estavam perante um acontecimento inserido nas actividades de um espaço de arte contemporânea (Apêndice). O abandono em que se encontra a cidade é um terreno fértil onde pretendem continuar a intervir.
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