Projeto artístico de intervenção pública

3ª edição - 23 a 28 de Julho 2012

TROCA-SE POR ARTE

Troca-se por arte é um projecto de divulgação da cidade e dos nossos artistas, em colaboração com os proprietários das lojas de comércio tradicional da cidade invicta. O objetivo é mostrar alguns artistas que consideramos promissores e talentosos e durante uma semana deslocá-los do circuito regular da arte. Durante esse Período as montras das lojas transformam-se em galeria aberta. Esta acção não tem fins lucrativos e só vem tentar dinamizar o comércio e fazer com que o público se atente mais com a arte, a arquitectura, e com a noção de cidade viva.

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Troca-se por Arte is a project to make the town and our artists known to the public, in cooperation with traditional trade shop owners in the town. The aim is to show some of the artists we consider promising and talented and, for une week, move them from the regular art circuit. During that period of time the windowshops become an open gallery. This is a non-profit event and its only purpose is to try to bring some dynamics to commerce and draw people's attention to art, architecture, and to the idea of a lively town.

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Troca-se por Arte est un projet de divulgation de la ville et de nos artistes, en collaboration avec les propriétaires des vitrines des commerces tradicionaux de la ville de Porto. L'objectif est de montrer certains artistes que nous considérons prometteurs et talentueux, et, durant une semaine les déplacer du circuit régulier du marché de l'art. Durant cette période les vitrines des boutiques se transformeront en gallerie ouverte. Cette action sans but lucratif, vise dynamiser le commerce et capter l'attention du public sur l'art et l'architecture, soulignant la notion de ville vivante.


16.4.10

Israel Pimenta / Othello
“Portugal Tranquilo”
(Dissertação sobre Portugal, o país, os que o rodeiam, o seu estado, a democracia, o Estado, o seu estado na Europa, a Europa, e palavra de honra,o final feliz. E ainda, o folclore, a dor e o fado.)

HD vídeo transferido para DVD PAL / PB Loop. Duração 13’



“E, no geral, Watt preferia ter de lidar com coisas de que não sabia o nome, embora também isso lhe fosse penoso, a ter que lidar com coisas cujo nome, o nome comprovado, já deixara de ser o nome delas, para ele”.
Beckett, S. (1945; published 1953). Watt. Paris: Olympia Press; tradução de Resende, M.(2005). Lisboa: Assírio & Alvim

Poderíamos (conseguimos?) olhar para a instalação Portugal Tranquilo, de Israel Pimenta, com o mesmo fascínio com que Robert Hooke observava, pela primeira vez, através das lentes do seu microscópio, as pequenas unidades que iam formar o fragmento da cortiça (será um caso?), que estava a estudar e às quais deu o nome de células.
A peça Portugal Tranquilo ocupa a montra da loja Casa Othelo. Com toda a sua mercadoria bem exposta, surge na secção central, circular (quase uma ampliação de uma lupa no pano de vidro horizontal) o fantasma de um altifalante a tocar. Mas não conseguimos ouvir qualquer som…
Como Lorraine Daston e Katherine Park têm demonstrado em Wonders and the Order of Nature, 1150-1750, a noção de facto científico desenvolveu-se no século XVII à volta do debate filosófico dos "casos estranhos» e das «maravilhas». Quando, em 1665, Hooke publicou os resultados das suas observações no livro Micrographia, não conseguiu escapar a quem refutava esta retórica da maravilha, objectando que a inovação técnica só poderia conduzir a uma deformação do real: com o uso de um microscópio o cientista só poderia ver monstruosidades.
O que é que estamos então a ver na Casa Othelo? E a ouvir? É a maravilha ou o monstruoso?
Será possível contar a nossa história bordando panos de linho e pintando cerâmicas ou deveríamos considerar estes objectos como simples resíduos ancestrais bons para os turistas das low-cost?
E quando o arqueólogo encontrar os fragmentos do Galo de Barcelos ao lado dos da Playstation®, será capaz de reconstruir o arquétipo da nossa sociedade?
O que parece certo em Portugal Tranquilo, já a partir do extenso título, é a possibilidade de deduzir (nem que fosse num modelo teórico) a existência de uma progenitura comum através da comparação dos objectos, mesmo quando estes estão filogeneticamente tão afastados.
O importante é que o altifalante continue a tocar.

Lucio Magri 04, 2010


Bio
Nasceu em Oliveira de Azeméis em 1972.
Vive e trabalha no Porto.

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